Representação Social

Representação Social e Desenvolvimento Sexual

Na sociedade que vivemos, sabemos o quão diferente é a criação da menina e do menino. E o que isso tem a ver com o desenvolvimento sexual? Tem tudo a ver.

Nossa cultura valoriza e estimula o homem a ser sexualmente ativo. Desde pequeno, podemos observar a satisfação dos pais ao saberem que o filho paquera as meninas na escola, e quanto mais garotas paquerar, melhor. Com essas mensagens de reforços positivos dos pais e da sociedade, o menino vai aprendendo que é assim que tem ser. Como se não bastasse, outras mensagens são dadas todos os dias para fortalecer o filho de sua masculinidade: Filho meu não leva desaforo para casa. Homem não chora… E ainda, é visto com bons olhos aqueles que iniciam a vida sexual precocemente – muitas vezes estimulado pelo pai.

Certa vez saí com um conhecido e seu filho de sete anos, fomos a um shopping e, enquanto conversávamos o garoto brincava ao nosso redor, e resolveu exercitar o seu assovio que havia aprendido a pouco tempo.O pai mais que depressa olha para mim de diz: “Sabe para quem ele está assoviando? Para aquela loira que está passando ali.”

Numa instância mais profunda, há o medo desse filho ser um homossexual. Por isso a necessidade dessa estimulação.

Outro ponto bastante “aceito” no caso dos meninos, é a masturbação. Em pesquisas realizadas em 1991 pelo Psicólogo Oswaldo Rodrigues Junior, mostrou que um em cada quatro adultos admitiu que já participou, quando adolescente, de competições para ver quem ejaculava mais rápido (pena que essa brincadeira fez muitos desenvolverem a ejaculação precoce).

Podemos então perceber, que desde cedo, os meninos são estimulados a desenvolverem sua sexualidade. É uma pena, que na maioria das vezes há uma exacerbação nessa estimulação, esquecendo-se de valorizar aspectos afetivos muito importantes, como respeito aos seus sentimentos e aos dos outros.

E às meninas? O que é reservado para elas? É reservada a inibição da sexualidade. Elas precisam se conter, não demonstrar seu desejo, resistir, se preservar, se guardar para o marido, não sentir nada erótico. Somente dessa maneira elas serão valorizadas e amadas, e, quem sabe terão um bom casamento.

Pois é, essa estupidez de pensamento, pode acarretar problemas sexuais no futuro, ou no mínimo, dificuldades de se relacionar.

Como esperar das mulheres um bom desempenho sexual nas suas relações? Os meninos, na sua grande maioria, ao iniciarem um namoro, já vivenciarem tudo o que foi descrito acima, de modo que eles já trazem uma bagagem. E qual a bagagem que as meninas trazem consigo? Insegurança, medo de não satisfazer o seu parceiro, “o que será que ele vai achar de mim”, reações com base no que ouviram de outras amigas, dificuldade de expressar o que sentem. É com isso que elas iniciam sua vida sexual.

Assim, vemos que o desejo sexual se encontra ligado ao papel sócio-sexual, e que tais papéis são aprendidos desde que nascemos. Apesar dos conceitos sociais mudarem, ainda vivemos numa sociedade na qual o que é valorizado para os homens é desvalorizado para as mulheres. Ele pode ter muitas aventuras e ser o bom. Mas, ela provavelmente receberia um adjetivo depreciador.

Como querer o sucesso se não há treino? E aqui eu me refiro a qualquer atividade, seja no esporte, na ciência, no sexo.

Considerado essas colocações, as garotas acabam inibindo a expressão do desejo sexual, pois elas se afastam das sensações eróticas na tentativa de se conter, de não expressar os seus desejos e ainda ter que frear os avanços do namorado. Assim, ela não consegue se entregar às sensações prazerosas e ampliadoras do desejo sexual.

É no mínimo curioso, observarmos que antes do casamento a mulher não pode nada, e depois, de uma hora para outra, ela pode tudo. O que antes ela tinha que inibir sexualmente, agora tem que ter o desejo sexual e ser ótima na cama. É essa a expectativa de muito homens. É como se exigíssemos que uma criança que está aprendendo a engatinhar, corresse. Não vai correr. É preciso passar pelas etapas, engatinhar, ficar em pé, andar e depois correr. Com a sexualidade feminina é a mesma coisa: é preciso treinar, se fortalecer, ter confiança, e não ter medo, se sentir vontade de experimentar o prazer.

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