Terminar ou não a relação: uma questão para ser pensada.
Quando nos envolvemos com alguém, e se essa relação está gostosa, desejamos que seja para sempre, o que é um sentimento bem-vindo. No entanto somos dinâmicos, o que significa que estamos em constante mudanças. Essas mudanças se dão por conta das influências do meio, que pode ser uma leitura, novos valores, a mídia, a religião, sociedade, estudos, trabalho, dinheiro… e isso pode nos fazer mudar de forma pensamos, nos comportamos e nos relacionamos com o meio. Algumas dessas mudanças pode contribuir para a relação ficar mais madura e ambos crescerem juntos ou essas mudanças podem significar um aumento nas diferenças do casal a ponto não fazer mais sentido o que antes fazia e com isso a sintonia e interesses também mudarem.
Porém, ao longo da relação, é comum atribuirmos sentimento, valores, expectativas ao outro, o que em muitos casos são bem-vindos, por confortam, funcionam bem, serve de apoio. Mas existe também o outro lado, em que atribuímos ao outro, questões que não nossas e esperamos que o outro dê conta. Esse pode ser um caminho que contribua para a relação desandar.
É bem comum essa sua queixa. Ás vezes estamos numa relação que simplesmente nos acostumamos, mas alguns sentimentos importantes para sustentar a relação já não existem mais. É nessa fase, em que as pessoas não sabem bem definir o que estão sentindo, e falam coisas que não harmoniza com as ações. Por exemplo, ”eu te amo”, mas as ações da pessoa demonstram que o cuidado e respeito passa muito longe dali. “Eu sinto desejo por você”, mas na prática a pessoa nunca tem tempo para o sexo, o sexo só acontece depois de um tempo que beira a inanição. Coisas assim acontece e às vezes não nos damos conta, ou temos medo de nos dar conta e aí vamos enrolando. Esse senário não é bom para ninguém. Muitas vezes o medo de sair da relação fala mais alto. Casais nesse cenário têm dificuldades para enxergar que nessa situação ninguém cresce, o casal vai se definhando, vivendo infeliz, com uma a projeção para o futuro no mínimo desanimadora e inserta. Será que vale a pena viver assim? O problema está nos diversos medos. Cada caso precisa ser analisado separadamente para que as decisões sejam as mais adequadas. Mas eu sei, não é fácil, o recomeço pode ser difícil. Mas eu também sei que viver num contexto ruim, negativo, não é bom, não é saudável. E mais, se tiver filhos envolvidos, esses, vivendo num contexto assim, sofrem muito, acabam presenciando e sentindo a influência negativa desse clima e, claro, isso terá seu preço.
Na tentativa de não evitar um sofrimento, o casal entra na fase de adaptações, o que pode ser bom. É uma tentativa de arrumar. O problema que quando os métodos usados mais agridem do que contribuem para melhorar. Aqui vão alguns exemplos ouço no consultório: a prática do sexo a três ou troca de casal para apimentar (salvar a relação). Aceitar os maus tratos, desrespeitos, afinal, ele ou ela, é assim mesmo e eu tenho que suportar. Minhas amigas casadas estão todas reclamando da relação, terminar para ficar só ou encontrar outro com problemas também, então é melhor ficar como estou. Ele me maltrata, mas é uma boa pessoa, não deixa faltar nada em casa.
Eu sei que essas configurações não acontecem do nada. Não existe só uma parte, são as duas partes que contribuem para a criação dessa situação. Mesmo que essa contribuição seja com a aceitação do comportamento inadequado do outro. É claro fazemos essas coisas na tentativa de acertar. A intenção é boa. O problema passa existir quanto estamos inseguros e abrimos mão de alguns valores saudáveis para não aborrecer o outro. Em algumas situações o conflito (não é brigar, é divergências de pensamentos) é bem-vindo. Mesmo que fruste, pode promover nosso crescimento.
O que fazer? Essas situações normalmente são carregadas de sentimento de dúvidas, raiva, medo, vingança… e claro, torna a situação que já está delicada, pior ainda. Mas bom dizer que que tentar separar as coisas para ter uma análise mais clara, é muito importante. Poder contar com ajuda de pessoas de confiança para ajudar a esclarecer, e é bem bem-vindo. Diálogos tendo como base a sinceridade e o respeito pelo outro, são formas que podem ajudar muito a tornar esse processo menos doloroso. Eu sempre proponho que seja evitado o embate, afinal, ambos tiveram uma história juntos e se por qualquer motivo algum ou ambos não querem mais caminhar juntos, ok. Não somos propriedade de ninguém. Esqueçamos aquela história de que só a morte pode nos separar. Acho que na vida temos muitos motivos para sermos felizes, basta que administremos a nossa vida de tal forma que entre os altos que baixos da vida, tenhamos um saldo muito mais positivo. Logo morreremos, será que vale mesmo a pena viver um relacionamento em que não estamos satisfeitos? Num trabalho que não gostamos? Amizades que nos coloca par abaixo? O saldo mais positivo, quando assunto é ser feliz, depende da maneira como administramos nossa vida.